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Segunda, 22 Julho 2013 05:50

Gramenses homenageiam Padre Antônio Ribeiro Pinto

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Às vésperas de se completarem cinquenta anos do falecimento do saudoso Padre Antônio Ribeiro Pinto, a comunidade de Santo Antônio do Grama se reuniu festivamente no dia 21 de julho para homenagear o seu antigo pároco.

As homenagens se iniciaram às 10 horas com a celebração de uma missa campal pelo pároco gramense, Monsenhor Caetano Cenaque Piovezani, que em sua homilia destacou o espírito de fé do Padre Antônio e alguns de seus trabalhos realizados no período em que foi vigário paroquial em Santo Antônio do Grama.

Após a celebração litúrgica, o historiador e pesquisador gramense José Henrique Domingues apresentou uma breve biografia do Padre Antônio,relatando fatos históricos e destacando as suas realizações na cidade. Na sequência, alunos gramenses apresentaram uma pequena peça teatral em homenagem ao virtuoso padre.

No momento principal das homenagens, a Prefeita Municipal, Alcione Ferreira de Albuquerque Lima, inaugurou uma escultura do Padre Antônio Ribeiro Pinto, que foi erguida sobre um pedestal em frente à Igreja Matriz de Santo Antônio do Grama, templo construído pelo padre entre os anos de 1926 e 1940, na praça que hoje leva o seu nome. Em seu discurso, Alcione lembrou o desejo do ex-prefeito Expedito Pereira Lima, que sonhava erguer em Santo Antônio do Grama uma escultura do Padre Antônio. O monumento foi colocado no local onde já havia um busto em sua homenagem, erguido em 22 de julho de 1989 e danificado há cerca de dois anos por um ato de vandalismo.

Logo após a inauguração, apresentações da banda de música gramense, a Corporação Musical Nelson Borges e do Congado Nossa Senhora do Rosário, de Abre Campo, encerraram a manhã de homenagens.

Estiveram presentes, entre outras autoridades, o Prefeito Frederico Brum de Carvalho e a Vice-Prefeita Luzia da Luz Ferreira Silva, de Urucânia e os prefeitos Márcio Moreira Victor, de Abre Campo e José Mário Russo Maroca, de Rio Casca, além de Bernardino Mayrink, o Didino, enfermeiro do Padre Antônio e um dos maiores divulgadores de seus prodígios.

Construída em pedra-sabão pelo escultor Marcos Antônio Sales, de Cachoeira do Campo, auxiliado por seu filho Antônio Marcos, também escultor, a escultura mede 2 metros e levou dois meses para ser concluída.

O Padre Antônio Ribeiro Pinto

Nascido no dia 02 de abril de 1879, em Rio Piracicaba, filho de Fábia Maria de Jesus e neto de escravos, Antônio Ribeiro Pinto foi criado pela tia, Maria Augusta e seu esposo Mansueto. Vivendo a infância num período em que ainda vigorava no Brasil o regime de escravidão, com cerca de seis anos de idade mudou-se para Abre Campo, onde aprendeu as primeiras letras. Aos 21 anos, inicia em Alvinópolis os estudos preliminares para o sacerdócio, sob a orientação do Padre Antônio Nicolau, auxiliado financeiramente pelos senhores Mansur Daiher, Manoel da Cunha e outros. No segundo ano de estudos, apresentou-se ao Seminário de Mariana como simples empregado, mas logo conseguiu permissão do arcebispo Dom Silvério para ser admitido no Seminário, ordenando-se no dia 9 de abril de 1912.

Se muitos anos mais tarde, a partir de 1947, se tornara mundialmente conhecido sob a fama de milagreiro, em Urucânia, na época distrito de Ponte Nova, foi em Santo Antônio do Grama que o Padre Antônio Ribeiro Pinto demonstrou seu espírito empreendedor e visionário. No dia 1º de maio de 1921, tomou posse da freguesia de Santo Antônio do Grama como seu 9º vigário. Já em fevereiro de 1922, foi presidente da comissão que organizou a primeira banda de música local. Transferido para o curato de São Sebastião do Grota, em 1925, sob o clamor do povo retornou a Santo Antônio do Grama no ano seguinte, por ordem do arcebispo Dom Helvécio Gomes de Oliveira. Neste mesmo ano, inicia a construção da nova Igreja Matriz, concluída em 1940. Acabada a nova matriz, imediatamente reconstruiu a capela na colina de Santa Efigênia, que havia sido danificada por um raio. Neste mesmo período, como administrador do Curato de São Sebastião do Grota, construiu nessa localidade a Matriz de São Sebastião e criou o Jubileu do Senhor Bom Jesus. Dinâmico, espírito de luta, vontade criadora, Padre Antônio participou ativamente da vida social de Santo Antônio do Grama. Desportista, fundou um time de futebol. Organizou a Cantoria de Igreja e a Banda de Música “Padre Cândido” e apoiou, em 1926, a fundação do Congado. Foi representante da Junta do Serviço Militar e Inspetor Escolar do Distrito, nomeado pela Secretaria de Educação em 12 de maio de 1934, instalando em Santo Antônio do Grama o 4ª Ano Primário já em 1935. Colaborou também para a manutenção do Asilo São Vicente de Paula. Lecionava catecismo para as crianças e promovia animadas festividades religiosas, animando e fortalecendo todas as irmandades religiosas da paróquia.

De caráter firme, vontade decidida e olhar penetrante, Padre Antônio não escondia suas opiniões e nem contornava situações. Era um homem do povo graças à sua origem humilde, amava os maltrapilhos e tinha paixão por fazer caridade. Mesmo dominado pelo alcoolismo (um dos trunfos de seus opositores e que o escravizou durante longos e tormentosos anos), nunca se descuidou do seu ofício religioso.

Devoto de Nossa Senhora das Graças, Padre Antônio propagou à fé e a devoção à Virgem da Medalha Milagrosa. Em meados da década de 1940, quando passou a conceder a “Bênção Ritual” aos enfermos, aos quais distribuía a “Medalha Milagrosa”, Padre Antônio já recebia em Santo Antônio do Grama numerosas romaria dos que, junto a ele, vinham implorar graças espirituais, favores e curas a Nossa Senhora das Graças.

Mas no dia 02 de fevereiro de 1947, Padre Antônio renunciou repentinamente à Paróquia de Santo Antônio do Grama, num episódio que até hoje não fora completamente esclarecido. A partir daí fixou residência em Urucânia, onde cresceu sua fama de “milagreiro” e passou a receber grande multidão, vinda de todas as partes do país e do exterior para receber a sua bênção, ouvir conselhos e até mesmo confessar-se.

Padre Antônio Ribeiro Pinto faleceu aos 84 anos, no dia 22 de julho de 1963, no Hospital Nossa Senhora das Dores, em Ponte Nova, depois de longa e dolorosa enfermidade, mas nunca foi esquecido pelo povo de Santo Antônio do Grama, onde suas benfeitorias se perpetuam e onde sempre será lembrado por seu caráter e sua vida ilibada.

(Com informações e textos de José Henrique Domingues contidos no Livro Memória Histórica de Santo Antônio do Grama)

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