Dia 22 de setembro marca o início da primavera. Foi neste dia que a Corporação Musical Nelson Borges comemorou a abertura do processo de seu registro como Patrimônio Cultural Imaterial de Santo Antônio do Grama. No 2º Encontro de Bandas de Música da cidade, nomeado de “Concerto da Primavera”, a banda de música gramense, com participação especial da Filarmônica Santa Cruz do Escalvado, da Corporação Musical Lira Nossa Senhora do Amparo (de Amparo do Serra) e da Corporação Musical Santíssima Trindade (de Ponte Nova), proporcionaram um espetáculo musical aos que enfrentaram o forte calor que se despediu do inverno e prestigiaram o evento que aconteceu na Praça da Rodoviária na tarde deste domingo, 22/09. O Concerto da Primavera integrou também a Jornada Mineira do Patrimônio Cultural, uma grande celebração que busca promover o patrimônio cultural de Minas Gerais por meio da realização simultânea, em todo o estado, de diversas ações integradas, que procura atuar na transmissão dos valores culturais, na valorização de sua diversidade e, principalmente, levar a sociedade a ter um papel mais ativo na preservação da sua memória.
O Concerto da Primavera começou com a apresentação da Corporação Musical Nelson Borges, regida pelo maestro Elias Silva Vitorino, que apresentou repertório composto de composições tradicionais e populares, uma mistura de ritmos e estilos que tem sido marca da banda gramense nos últimos anos. Vários músicos que ingressaram na banda neste ano fizeram no encontro sua primeira apresentação.
Em seguida, foi a vez da Filarmônica Santa Cruz do Escalvado fazer sua apresentação, com o brilhantismo que lhe é peculiar, regida pelo maestro Rodrigo Carvalho da Silva. Depois, foi a Corporação Musical Lira Nossa Senhora do Amparo, regida pelo Maestro Leco, que, se apresentando pela primeira vez na cidade, foi veementemente aplaudida pelo público. Para fechar com chave de ouro, o maestro José Carlos Gomides conduziu mais uma belíssima apresentação da Corporação Musical Santíssima Trindade.
Em seu pronunciamento de abertura do evento, a Prefeita Municipal, Alcione Ferreira de Albuquerque Lima confirmou que a Corporação Musical Nelson Borges, depois de mais de vinte anos, voltará a ter sua sede própria, o que possibilitará o aperfeiçoamento dos músicos e a abertura de novas vagas para o ensino da música, especialmente para as crianças e jovens do município, prometendo para muito breve um novo encontro de bandas para marcar a inauguração da sede.
Apresentação na UFV - Na sexta-feira, 20/09, a Corporação Musical Nelson Borges se apresentou na Universidade Federal de Viçosa, no encerramento da 84ª Semana do Fazendeiro e do I Salão de Turismo das Serras de Minas.
Patrimônio Imaterial de Santo Antônio do Grama
O registro da Corporação Musical Nelson Borges foi proposto ao Conselho Municipal do Patrimônio Cultural e Natural de Santo Antônio do Grama pelo Assessor de Cultura do município Marcílio Medeiros. Aprovado pelo Conselho, o próximo passo é a publicação da proposta e a inscrição no Livro de Registro das Formas de Expressão, para que seja oficializada como Patrimônio Cultural Imaterial através de Decreto do Poder Executivo e o envio ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA, para o devido reconhecimento.
No dia 19 de fevereiro de 1922, uma comissão de homens ilustres se reuniu, por iniciativa do Padre Antônio Ribeiro Pinto, e criou a Banda de Música Padre Cândido, que teve como primeiro presidente o próprio Padre Antônio. Por cerca de trinta anos, a banda de música Padre Cândido animou as festas gramenses, principalmente as intensas festividades religiosas de Santo Antônio do Grama. A Banda Padre Cândido teve como maestro vários nomes importantes da música gramense, entre eles Emídio de Sena, seu primeiro regente, o habilidoso clarinetista José Ângelo de Oliveira (Juquita de Dêta), Etelvino Leão e Nelson Borges, entre outros. Paralisada por algum tempo, na década de 1950 a banda retorna às atividades, passando a se chamar Banda Santa Cecília, que também foi regida por músicos ilustres, como Lourenço de Paula Braga e novamente pelo próprio Nelson Borges, entre muitos outros.
Em 1984, quando foi assumida pelo maestro Ageu Maria Quintilhano, a banda Santa Cecília passou a se chamar Corporação Musical Nelson Borges, em homenagem a um dos maiores personagens da música gramense. Nascido em outubro de 1889, na cidade de Alvinópolis, ainda jovem Nelson de Carvalho Borges se mudou para Santo Antônio do Grama, onde exerceu a profissão de alfaiate e posteriormente, de fotógrafo. Regente da banda gramense em duas oportunidades, Nelson Borges era compositor e foi autor de diversas composições que eram apresentadas pela banda. Uma das fases mais importantes e marcantes da banda gramense foi na década de 1960, sob sua regência, quando se sobressaíram diversos músicos pratas da casa, entre eles o trompetista João Bosco Russo, que se tornou músico da Banda Militar de Brasília.
Falecido em 28 de julho de 1977, Nelson de Carvalho Borges teve seu nome imortalizado como patrono da banda de música gramense.